A Opinião Pública não perdoa
Ainda existem executivos que tentam, "com jeitinho", impedir a publicação de notícias sobre suas empresas cujo teor não lhes agradam.
Viramos do século XX para o XXI são e salvos; há mais de 20 anos vivemos numa democracia; o clima mundial desandou; e o Brasil é um dos recordistas de acesso a Internet. Apesar deste cenário meio assim meio assado, ainda existem executivos que se dizem modernos e 'plugados' nos novos tempos exigindo que suas agências de comunicação "tirem do ar" qualquer notícia sobre as suas empresas cujo teor não lhes agrade.
Esse tipo de solicitação, partindo de executivos de empresas de renome, hoje em dia, além de antiético, é pra lá de "démodé". Porém, o mais grave é ver suas agências de comunicação aceitarem o pedido e saírem atrás dos jornalistas com essa ordem "privada" de censura. O sucesso dessa empreitada, felizmente, é sempre muito difícil.
Do jornalista (se este o for, na acepção da palavra) estes assessores receberão no mínimo um "NÃO", assim mesmo, com letras 'garrafais' e em negrito. Os prejuízos destes assessores serão ainda maiores se esse jornalista, ofendido (sim, este tipo de pedido é uma ofensa grave!), simplesmente cortar todo e qualquer tipo de relação com eles. Esse fato Isolado poderá atingir os interesses de seus outros clientes, que atuam com lisura e precisam desse seu contato na imprensa.
Executivos que agem dessa maneira e outros que já se sentiram tentados a agirem tal e qual, devem entender que as empresas, pequenas, médias ou grandes, nacionais ou não, independentemente do setor de atuação, não são uma ilha; elas integram uma comunidade e suas ações interferem nas vidas das pessoas. Por isso, devem sim satisfações de seus atos a Opinião Pública.
Está lá para trás o tempo em que executivos desse tipo, com arrogância e prepotência, diziam em alto e bom som que geravam empregos e pagavam seus impostos em dia e somente isso, nada mais do que isso, era o que a Opinião Pública tinha a "necessidade" de saber. Naquela época, raramente vazavam informações internas das empresas, que se cercavam de muros gigantescos e sempre bem vigiados.
Essa "ditadura empresarial", que nada mais era do que filha oportunista de outra, fardada e muitíssimo pior, que vigorou em nosso país durante muitos e muitos, também não deixou boas lembranças e nenhum "tiquinho" de saudade. Por isso, é bom que estes executivos renitentes saibam que os tempos mudaram e que a Opinião Pública rejeita e pune com rigor aqueles que a desprezam. E mais, se por acaso sentirem-se prejudicados por qualquer notícia que lhes desagradem, que protocolem um desmentido no veículo "responsável" ou, se o caso for dos mais graves e lhe trouxer prejuízos de monta, que recorra então a Justiça. Usar de "jeitinho" para amordaçar a imprensa, jamais! A Opinião Pública não perdoa