Reflexos do interesse popular pelo tema Medicina e Saúde
A mídia séria conta com especialistas; já a mídia sensacionalista .....
Sinal dos tempos! Antes, e não faz muito tempo, Medicina & Saúde era apenas uma bem ilustrada coleção de fascículos vendida em bancas, que buscava traduzir em linguagem leiga os "segredos e mistérios" das enfermidades e seus reflexos no corpo humano. Na época, foi um sucesso retumbante. Desde então, o interesse popular cresceu e hoje medicina e saúde são colunas ou editorias nos principais veículos de comunicação que contam, inclusive, com profissionais especializados para tratar dos temas com a devida e necessária competência.
A expansão do interesse popular e a profissionalização da cobertura da imprensa indicavam que seria lançado um novo "olhar" sobre o setor de saúde, profundamente crítico, capaz de diferenciar o certo do errado, o bom do ruim, e tornar público esse "ponto de vista". Enquanto teoria, nada a opor pois a sociedade tem o direito de tomar conhecimento dos fatos, mesmo aqueles que ocorrem com a partes atuantes na área de saúde.
Esse novo "olhar" da imprensa coincide com importantes conquistas dos consumidores, mais do que justas, é bom que se frise: primeiro o Código de Defesa do Consumidor e, pouco tempo depois, o apoio irrestrito a defesa de seus direitos pelo Ministério Público, que ressurgiu com toda a força após a promulgação da última Constituição Federal, em 1988.
O cenário estava perfeitamente montado para relações civilizadas, éticas, profissionais e honestas entre as partes - serviços de saúde, consumidores, imprensa e ministério público. Infelizmente, não é nada disso que se assiste desde então. O que temos, não raro, são consumidores de alguma forma descontentes com o resultado do tratamento de saúde que lhes foi conferido e, ao reclamarem por explicações são, muitas vezes, destratados e desrespeitados por seus interlocutores, normalmente profissionais médicos que se julgam acima de qualquer suspeita. Descontentes e sentido-se desprotegidos, correm para os "braços" da imprensa que sabem, dará ouvidos à sua reclamação.
Como já abordado no artigo "Circo de horrores garante audiência no horário vespertino", estes programas transformam essas reclamações em denúncias e as levam ao ar seguindo-se os velhos e desgastados roteiros dos "dramalhões mexicanos". Os apresentadores, muitas vezes sem conhecer a complexidade do tema que estão tratando, aproveitam-se do poder de fogo do veículo de comunicação e ofendem, agridem profissionais e instituições de reputações ilibadas que, surpresas com os ataques, mal conseguem articular um mínimo sistema de defesa. Ao final, no chão, imagens públicas de profissionais e instituições sérias, arduamente construídas e, no alto prejuízos de valor inestimável.
O único meio de escapar de situações como essa é detectar, ainda na raiz, o problema e solucioná-lo o mais rápido possível para impedir que siga o caminho da mídia. Por essa razão, cada vez mais, instituições de saúde estão criando Grupos Interno de Gestão de Crises que têm a missão de realizar o trabalho preventivo e atuar na minimização dos reflexos caso se torne publico. Obviamente que este Grupo Interno de Gestão de Crise precisará de treinamento e de consultoria experiente para agir com sucesso. Hoje, seguramente não dá mais para remediar. Se as empresas de saúde desejam, efetivamente, preservar sua imagem pública e evitar grandes prejuízos devem obrigatoriamente tomar o remédio da prevenção.