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Artigos & Casos

Imagem de profissionais e instituições sérias é denegrida

em espetáculos de “dramas” humanos

 

 

O horário vespertino da televisão brasileira foi transformado num “circo de horrores”, onde todo e qualquer drama humano tem espaço garantido nos vários programas “denunciatórios” e sensacionalistas que hoje ocupam parte considerável das grades de programação da maioria das emissoras. Os apresentadores, que disputam as lagrimas e despertam a ira da audiência, disparam bravatas, acusam e ofendem sem medir as conseqüências. O ”negócio” é sensibilizar, chamar a atenção, ganhar pontinhos no IBOPE.

 

 

Durante um bom tempo, em função da necessidade de um projeto, passei a acompanhar estes programas, que seriam engraçados não fossem trágicos os casos que apresentam. E reparei num fato que aparentemente está se tornando freqüente: a presença de médicos se justificando, ou melhor, “explicando” procedimentos adotados no tratamento de pacientes que, descontentes com os resultados, correm para estes programas com denúncias, muitas vezes infundadas, mas que são recebidas com alegria e êxtase pela produção.

 

 

E por que o entusiasmo com as denúncias relacionadas a área da saúde? Porque, em quase 100% dos casos, este tipo de denúncia traz um “drama” humano embutido. É a velha história do forte contra o fraco, do doutor contra o peão. E o apresentador, no papel do destemido paladino da Justiça, garante a pressão sobre o lado “mais forte da corda”, teoricamente.             

 

 

Estes programas, que se afirmam jornalísticos deveriam, se verdadeiramente jornalísticos fossem, ao receber a denúncia, antes de veiculá-la, proceder um sério e detido processo de apuração, ouvindo as partes, especialistas e, se necessário, autoridades. Confirmado o fato, objeto da denúncia, aí sim o caso deveria ser veiculado para conhecimento da Opinião Pública e procedimentos legais, se couberem.

 

 

Infelizmente, não é exatamente isso que ocorre. Por isso, vemos diariamente, no horário vespertino, reputações, imagens públicas de profissionais e instituições honestas e sérias imoladas por apresentadores irresponsáveis que, não raro, desconhecem quase que completamente o tema que estão a criticar. Mas isso não importa, o que vale é gritar, bater, xingar e deixar a audiência tensa e enraivecida.

 

 

Ester programas de baixa qualidade e que exploram impunemente o sensacionalismo barato são, com justa razão, temidos pelos profissionais e empresas. Eles não querem, em hipótese alguma, suas imagens próximas desses mercadores da desgraça. Hoje, médicos, administradores hospitalares, executivos de empresas de seguro saúde etc., além de executarem com a máxima correção a sua atividade devem, também, estar muito bem preparados atender a imprensa e tratar, numa linguagem comum, de temas delicados visando não apenas esclarecer, mas principalmente, proteger o seu maior patrimônio, ou seja, a sua imagem pública.