Relações perigosas

Alguns porta-vozes imaginam que conquistando a amizade de um jornalista, este evitará fazer-lhe perguntas "delicadas" durante uma entrevista ou, então, deixará de cobrir ou abordar temas que podem ser sensíveis a empresa que representa. Ledo engano! O compromisso dos jornalistas é com a verdade da notícia e não importa se a fonte da informação é ou não sua amiga. O jornalista deve publicar a informação, independentemente das consequências que possa trazer para o "porta-voz" que lhe considera amigo.

 Afinal, se ele não cumprir sua função e tornar pública a informação que recebeu, jornalistas de outros veículos, sem qualquer compromisso com a fonte, poderão fazê-lo. Daí ele terá que explicar ao seu editor a razão da "barriga" - jargão jornalístico para ocasiões em uma boa informação passa em branco pelo veículo e é publicada pelos outros. E é ai que o "rabo prende" e pode comprometer a carreira do profissional. Nos Media Trainings da vida é sempre informado e reafirmado que não existe amizade entre "fonte da informação e jornalista", que esta relação compromete a independência do profissional. Por isso, porta-voz nenhum deve convidar jornalista para "jantar na sua casa", para um "drink no final de tarde" e nem "bater um tenis" no final de semana.

Mantenha azeitada apenas a relação profissional, que deve ser respeitosa, civilizada e verdadeira. Nestas bases, o porta-voz terá acesso normal ao jornalista e até "discutir" o que é publicado. E isso sem que esta postura seja percebida como uma combrança de favores, consideração "pela nossa amizade" ou mesmo uma imposição. Jornalista é jornalista, tem os seus compromissos com a ética, a Opinião Pública e o veículo que representa. Porta-voz é porta-voz, fonte de informação que pode ou não ser acionada pelo jornalista, que tem a obrigação de também agir dentro dos limites da ética e precisa ser profissional para preservar e até fortalecer a imagem da organização que representa.