Experimente! Coloque-se na posição do repórter
O tempo é um dos piores inimigos dos repórteres, daí a pressa e a pressão para serem atendidos rapidamente.
Acabo de receber a ligação de um repórter interessado em entrevistar o diretor de uma empresa, cliente da agência, sobre um tema recém divulgado. Como de praxe, faço o “check list” com o repórter. Quero saber exatamente o que pretende, verifico o tipo de informaçãos que está buscando e qual o tempo que “temos” para responder a esta solicitação. Ele mes disse, porém, que está “fechando” e precisa falar com esse diretor, impreterivelmente por telefone, o mais rápido possível. Desligo e vou “correndo” cumprir minha missão.
Telefono ao diretor e lhe passo todo o briefing colhido com o repórter. Ele me pergunta se a entrevista não pode ser para outro dia, a sua agenda está cheia. Digo-lhe que não! Depois quer saber se o jornalista não pode fazê-la um pouco mais tarde e pessoalmente. Repito o não e ressalto que a matéria é de interesse para empresa, que o jornal atinge diretamente o público desejado e que o jornalista é um especialista no tema e bastante respeitado no meio. Uma oportunidade excelente que não pode ser desprezada. O diretor entorta a cara, mas diz sim. Fecha um horário, que repasso imediatamente ao jornalista para que possa cumprir a sua pauta a tempo de publicar a notícia na edição do dia seguinte. E por telefone, conforme me havia pedido!
Diante de tal situação, é possível saber qual dos dois está errado? Asseguro que nenhum dos dois. O repórter, por diversas razões, tem um tempo realmente curto para, depois de receber a sua pauta, apurar as informações, repercutir, redigir, revisar alguns dados com suas fontes antes de, finalmente, passá-la ao editor que é quem decidirá o destino da matéria. O diretor, por sua vez, tem como prioridade da sua função cuidar da sua área de responsabilidade na empresa que, seguramente, não é a de passar o dia concedendo entrevistas a imprensa, embora ele tenha sido treinado para ser um de seus porta-vozes.
A pergunta que segue, é óbvia. Se nenhum dos dois está errado, como resolver a questão? Sempre e em qualquer circunstância, com bom senso. Ambos, diretor e repórter conhecem bem os seus papéis e cada um têm boa noção da função do outro. Sendo assim, deve-se buscar o ponto de equilíbrio para que os interesses do repórter (jornal) e do diretor (empresa) sejam atendidos de maneira positiva. O ideal é saber o limite de tempo de espera de um e a disponibilidade possível de tempo do outro para que se cumpra o desejado. E se em última instância o diretor, verdadeiramente, não puder atender a necessidade do repórter, que se diga a ele o mais rápido possível.
No “media training” aplicado aos executivos há sempre um chat exclusivo para tratar das necessidades e dificuldades dos repórteres. A questão tempo é sempre ressaltada, pois é crucial no processo de produção de notícias dos veículos de comunicação – impressos e eletrônicos. Não é por outra razão que muitas assessorias pedem aos executivos / clientes que experimentem se colocar na posição dos repórteres e sintam a pressão que o “relógio” exerce sobre este profissional. É por isso que a maioria dos assessores e consultores orienta os executivos de seus clientes para que procurem atender as solicitações dos repórteres sempre que possível (num prazo negociável de tempo). Dessa maneira, vale enfatizar, ele não será obrigado a redigir no afogadilho e ampliar a possibilidade de erros em sua matéria. As correções são sempre mais trabalhosas e raramente saem no dia seguinte. Por tudo isso, o melhor mesmo é usar o bom senso e resolver a questão com o diálogo sério, objetivo e transparente.